Turista

Dans l’ouvrage qu’il consacre au Paris du XIXème siècle, Walter Benjamin qualifie de fantasmagorie le phénomène d’irréalité onirique qu’il associe au spectacle de la ville moderne. Il emprunte la fantasmagorie et la description de ses sortilèges à Karl Marx, qui y voit le résumé de l’inversion des valeurs opérée par le capitalisme. L’analyse marxiste de la «marchandise» révèle que les sujets tendent à devenir objets et les objets sujets. Les sujets deviennent objets sous l’effet de la «réification» de leurs comportements et leurs affects étant réduits aux lois de la consommation et de la production; les objets se transforment en sujets sous l’effet de la fétichisation qui leur fait perdre leur valeur utilitaire au profit du symbolisme social dont ils sont porteurs. La fétichisation affecte l’ensemble des objets y compris les bâtiments et le cadre urbain qui se dotent d’une forme d’existence autonome qui «s’animent». Gagnée par l’esprit de la fantasmagorie – qui tient étymologiquement du phantasma, le fantôme, l’apparition-, la ville devient pur décor.

Dreamlands, Didier Ottinger et Quentin Bajac,- Dreamlands. Catalogue de l’exposition. Paris : Editions Centre Pompidou, 2010

a heated pool
an open sewer
a spa
a 1st class consumer
a 2nd class consumer
a player
Chinese
unemployed
rich
poor
blond
photo collector
Pirate
looking fo extreme sensations
A man who fell in love on facebook with a girl living in Baixa and who found a Ryan Air trip London-Porto for 67 euros with no additional charges
important
human
Posthuman
lazy
rich
low Cost
insect
Bad is good
more or less
gay
professional
thief
arson
22 years old
victim
3 h 24 min
in shorts and sandals with a swiss army knife
paying his taxes
a fly
cheap
he is a myth
he is a taxpayer
he is a middle class worker

Marianne: Mas que lista é esta Rita? Se calhar, sou um bocadinho idealista, mas tu, tu és cínica! Esta lista é caricatural!

Rita: Antes pelo contrário, é extremamente realista é o grande sintoma pós moderno: tudo é equivalente e tem o mesmo valor, um par de botas tem o mesmo valor que uma peça de Shakespeare. Conseguimos nivelar tudo para suprimir as hierarquias e ideologias, e agora é a indiferença global. Eu estou triste. Tudo é plano, o mundo é plano, o folclórico é plano, os sonhos são planos. Ontologias planas!

Marianne: Estás a ver onde leva esse teu delírio canibalista! Começaste com uma orgia canibalista para acabar num mundo plano…É preciso reagir, Rita. É preciso mergulhar fundo e desacelerar um bocadinho, para depois saturar o sistema e encontrar diferenças nas intensidades.

Rita: Diferenciar tipos de turistas? Isso não faz sentido…

Marianne: Diferenciar vocações culturais, pa! O Porto poderia tornar-se um verdadeiro destino cultural. A encenação de uma Baixa limpa e festiva não responde necessariamente às expectativas de todos os visitantes que procuram ver autenticidade e uma cidade viver o seu quotidiano. A mistura de atividades é importante, senão fica a impressão dominante de um lugar museificado que com o desenvolvimento do turismo só traz lucro a um pequeno número de locais.

Rita: Sim… Bom, eu vou fazer yoga para me acalmar.

Marianne: Sim, eu sei… tu és viciada ! É assim que tu encontras a unidade perdida!

Rita: Sim, depois passemos ao segundo ato: Cidade Física.