Entrevistas

Pode indicar-nos um lugar/tempo específico no Porto que associa a um som?

Gaivotas às 6 horas da tarde na Praça dos Poveiros e Batalha. [[]]

Mulheres aos berros na Ribeira a chamar pelos seus filhos: o sotaque estranho e rude.

O carrilhão da FNAC.

Os pregões: os vendedores de Mercado e de rua. “Sardinha Viva”, “quentes e boas”, “quer alhos ou limões”.

Ruído. O som das pessoas a apanhar o autocarro.

Gaivotas nos terraços (se saltarmos à corda elas aproximam-se — se calhar é porque o som é similar ao do vento nas cordas dos barcos).

O som do dialeto. Uma melodia muito especial, condensada, cheia de palavrões: pa ta ti ta ta, pa ta ti tata ra.

Amolador (um homem que anda na rua a afiar facas) a chamar e a anunciar a sua chegada e o som do próprio afiar das facas.

Ouvir as pessoas que têm uma pronúncia do Porto, o sotaque do Porto muito duro, eu gosto muito.

Os sons desaparecendo: as senhoras a vender peixe na rua. As pessoas a vender alguma coisa. Os guarda-sóis fixos que têm uma flauta.

Os sinos das igrejas, muitas igrejas.

A minha primeira noite, a música brasileira, o bar do Hotel Dom Henrique.

As pombas na Praça dos Poveiros.

Os ensaios no Stop. [[Para saber o que é : Ver pág. X : « Stop »]]

Os bares de Fado. [[ Ver Onde ouvir Fado Vadio?]]

Os vendedores de peixe que choram, são muito energéticos e às vezes ficam com raiva!

O silêncio nos Maus Hábitos: [[Maus Habito : Ver Lugares multidisciplinares]] lá consegues ouvir os pássaros. É um Oásis no meio da cidade.

Missa da nova Igreja da Lapa. Há canções especialmente bonitas e um órgão. [[No coro-alto foi colocado em 1995 um órgão de tubos da autoria do mestre-organeiro alemão Georg Jann. Trata-se do maior órgão da Península Ibérica]] Há concertos também ao longo do ano. Existe um programa muito bom. O sacerdote é um professor de música e compositor. Às vezes apresenta também o trabalho dos alunos.

O canto das gaivotas. Quando eles ficam na praia, o tempo vai ficar bom. Quando elas vêm para a cidade é porque elas querem escapar ao mau tempo. Gaivotas em terra, tempestade no mar. Eu adoro assistir, adoro os voos delas. Bizarro: o bico.

Acho-as muito elegantes, elas têm um porte de cabeça, e são vaidosas. Então, dizemos que a perfeição não existe. Elas não têm medo de nós, elas estão muitas vezes ao nosso lado. [[  área metropolitana do Porto vai adotar medidas para fazer diminuir a população de gaivotas. É um problema que está a afetar várias cidades do país e os autarcas falam já de uma verdadeira «praga» que causa incómodos ao nível do ruído e que danifica telhados e carros. Os autarcas do grande Porto já falam numa «praga» de gaivotas e decidiram pedir um estudo à Universidade do Porto com o objetivo de encontrar medidas de modo a controlar este fenómeno. Rui Rio, presidente da Junta Metropolitana, explica que existem demasiadas gaivotas por um motivo que desconhece. «Há hoje um exagerado número de gaivotas e mesmo pombas, mas fundamentalmente gaivotas, alterações que não sei explicar levaram a esta situação», adianta. Rui Rio acrescenta que este cenário está a trazer muitos incómodos aos cidadãos e que por isso é preciso tomar medidas para minimizar o problema.

http://lendasanimais.wordpress.com/2011/07/01/«praga»-de-gaivotas-preocupa-autarcas-no-grande-porto-tsf-radio-noticias ]]

Tasca de Fado perto do Palácio de Cristal, quase em frente ao Palácio, perto de uma loja de colchões. Fecham a porta quando começa. Servem comida tradicional. [[No «Boteko», uma tasca típica, Ver Onde ouvir Fado Vadio?]]

São Bento [[ A estação de São Bento (Praça de Almeida Garrett) é também é famosa  por seus azulejos.]] é uma combinação de diferentes sons. Onde os operários chegavam para trabalhar. A combinação entre os sons dos comboios, os vários sotaques diferentes das pessoas que vinham de vários sítios à volta do Porto.

O Porto é lugar também de muitas vozes: canta o rio, canta o mar e o som férreo dos seus barcos, assobia o vento para enloquecer-nos, e a boca cheia e vernacular de quem se encontra na cidade, os gritos lancinantes, que as gaivotas aprenderam a imitar, de quem ainda tenta até ao último fôlego vender o que houver ainda para vender, a quem houver ainda para comprar.

Em 2010, as trovoadas valentes. O vento apocalíptico.

O som do farol na Foz em dias de nevoeiro. [[ Imagem + Nas proximidades do Castelo de São João da Foz, no lado oposto ao Cabedelo ergue-se o Farolim de Felgueiras também conhecido como Farol da Foz. Colocado no topo do molhe com o mesmo nome, foi construído em 1886. O Farolim tem um alcance de 12 milhas em transparência média. O molhe é mais antigo e data de 1790 tendo forma retangular alongada, o topo do molhe, onde está o farol, é de forma circular.]]

As vozes graves e agudas quando chamam umas pelas outras das pessoas que habitam na Ribeira.

Há sempre alguém que toca piano numa pequena rua da cidade.

Debaixo da Ponte D. Luís há uma acústica particular. [[A estrutura da ponte, verdadeira filigrana de ferro, que passou a ser, juntamente com a Torre dos Clérigos, o ex libris por excelência do Porto, pesava no seu conjunto 3.045 toneladas. A ponte ficou iluminada por meio de artísticos candeeiros de gás, 24 no tabuleiro superior, 8 no inferior e 8 nos encontros. Actualmente o seu tabuleiro superior serve a Linha D do Metro do Porto e o tabuleiro inferior para peões e veículos automóveis.]]

As obras. O Porto está sempre em obras. Sempre em transformação.

A expressão “o carago”. [[Grande como o carago (Enormously big)
Caro como o carago (Too expensive)
Fixe como o carago (Enormously cool)
Vai para o carago (Go fuck yourself {as a joke})]] Sensação de se estar em casa quando se ouve esta expressão.

Aqui toda gente tem um belo mal falar , enganos, trocas de sílabas que fazem aparecer sentidos em cada esquina. Entre o riso e o espanto aparecem os melhores versos. [[O b pelo v : «Se na nossa cidade há muito quem troque o b por v, há pouco quem troque a liberdade pela servidão.»

Almeida Garrett]]

Há uma acústica particular nas praias. [[Para as praias, ver Escapar]]