Inês Laranjeira [[]]está a fazer um Doutoramento na área do Design e Gastronomia na Universidade de Aveiro/Universidade do Porto. No âmbito do Manobras no Porto
ela desenvolveu o projeto «O Alimento» com a intenção de pensar a gastronomia do Centro Histórico da cidade e os seus autores. No Museu Nacional de Soares dos Reis, cozinheiros da Canastra Azul, Casa Domingos, Rei dos Galos e Retiro da Sé dialogaram com estudantes de culinária sobre os modos de cozinhar, tendo os chefes Lorena Pimenta e António Vieira como conselheiros. O almoço convidou gulosos a uma discussão sobre a experiência e prova de novas abordagens para um gosto participado.
É Inês Laranjeira que nos guia ao mundo das tascas do Porto:
«Conhecer as tascas será como visitar um Porto antigo, castiço, popular e vadio. O termo tasca ou tasco tem origem popular. O mesmo sítio era também chamado de adega, taberna, casa de pasto, pomar ou botequim e encontra semelhanças com os pubs na Irlanda e Escócia, as bodegas e bodegones em Espanha, as tavernas na Grécia ou os pequenos bistrots em França. As tascas são consideradas manifestação de uma mentalidade popular relevante e única do caráter urbano da cidade, porque funcionavam como centros difusores de uma cultura operária, de pescadores, artistas e gente anónima, que as ocupavam como sala-de-estar, de jogo e de evasão.»
No estudo – Porto, La Ville dans sa Région – o investigador francês François Guichard definiu os tascos como « um pequeno estabelecimento de vinhos, comunicando com a rua através de porta de vaivém imposta por uma lei do tempo de Salazar, por razões de moralidade pública (devia, no entanto, a partir do exterior, poder reconhecer-se os consumidores…). É lá que, à noite, se encontram os verdadeiros amigos e se fala muito melhor do que em casa e nos cafés, demasiado abertos, sobre coisas sérias: política, amores, problemas sociais, questões de honra ou de dinheiro; discussões naturalmente prolongadas em redor de uma espécie de mesa redonda. São numerosos os tascos onde nasceram verdadeiras mutualidades de entreajuda; neles se acode ou se consolam os amigos em dificuldade, se organiza os passeios em comum…».
De forma breve, podemos dizer que estes sítios se caraterizavam por um certo tipo de ambiente, comida, vício e conversa, onde se almoçavam ou jantavam os comeres de ementas restritas a três ou quatro pratos fortes em certa forma de especialidade. E onde se cantava ainda fado e cantigas ao desafio, faziam versos, contavam histórias, inventavam ditos e piadas, se jogava à sueca e ao dominó. Nem todas as tascas aqui sugeridas respeitam na íntegra esta descrição. Em alguns casos, por força da necessidade de uma certa modernização, apresentam-se com uma cara nova, outras são muito recentes, mas sempre tentando um compromisso com a memória, a convivência e a vontade de partilhar o conforto do repasto do vinho .
As Tascas do Porto
Casa de Pasto Canastra Azul
Vizinho do Rei dos Galos, este novo espaço mantém a estrutura da casa original com mais de cem anos. Representante das famosas conservas de peixe Pinhais, com fábrica em Matosinhos, servem-nas acompanhadas com batata, cenoura e couve portuguesa cozidas. O Vinho Verde é o copo mais apreciado da Canastra. Fica atento, às vezes há fado vadio.
Rua das Taipas, 17 C
T: 933 321 065
Casa Domingos
Ainda que já não se encontre em funcionamento, todos são bem-vindos a beber um copo de vinho ou a descobrir vestígios de outrora num espaço mesmo junto ao mercado S. Sebastião, na Sé.
Travessa de S. Sebastião, 19
T: 966 812 681
Rei dos Galos
Junto ao tribunal e a uma escola artística, os clientes fiéis desta casa são também professores, advogados e alguns turistas. Com um ambiente familiar e acolhedor, esta sala de teto baixo fez o seu nome da comida caseira e da simpatia com que recebe. Aqui, o perú estufado à moda da casa é delicioso.
Rua das Taipas, 121
T: 22 2057297
Retiro da Sé
Mesmo ao lado da Casa Domingos, almoçar na sala do Retiro da Sé é uma experiência quase burlesca. Aqui, prova o bacalhau à Narciso.
Travessa de S. Sebastião, 29 r/c
T: 933635237
Adega O Alfredo Portista
Desce a Rua do Cativo, passa pela casa Crocodilo e encontra uma típica porta vaivém de tasca, azul turquesa. Se gostares de futebol podes assistir num bom ecrã enquanto petiscas um bacalhau à posta com um copo de vinho. Obrigatório conhecer a cozinheira desta casa, uma senhora pequenina com muita genica.
Rua do Cativo, 14
T: 222 055 816
Casa Correia
Mesmo junto ao tribunal, a pequena Casa Correia é o lugar para provar à quinta-feira as grandes tripas à moda do Porto. Vem cedo, este dia é concorrido. A escolha das carnes é cuidadosa e a apresentação carinhosa.
Rua Dr. Barbosa de Castro, 74
T: 222 056 651
Guedes
O Guedes e o Xico dos Presuntos (ver 9.) são sítios especiais para comer ao balcão o caldo verde e a sandes de presunto no primeiro dia. No Guedes, junto ao Jardim de S. Lázaro, é ainda possível comprar o célebre Queijo da Serra para acompanhar o Vinho do Porto à noite.
Praça dos Poveiros, 130
T: 222 002 874
Taberna do Cais das Pedras
A antiga taberna O Barqueiro em Miragaia mudou-se recentemente para Massarelos com nome e cara novos. Aqui somos presenteados com uma mesa recheada de tachinhos com pataniscas de bacalhau, alheira com grelos, salada de polvo, moelas, chouriço assado, rojões, pimentos padrón, queijo de ovelha, salpicão etc. Tudo regado com um bom tinto.
Rua de Monchique, 65-68
T: 913 164 584
Xico dos Presuntos
Se chegares ao Porto de comboio e saíres na estação de Campanhã, entra n’O Xico dos Presuntos na rua do STOP.
Rua do Heroísmo, 191
T: 225 370 514
Antunes
O Antunes é conhecido pela sua gastronomia regional cozinhada em forno de lenha. Localizado numa parte da rua historicamente dedicada ao comércio e serviços, os clientes desta casa são também as pessoas que trabalham aqui perto. No balcão da entrada ou sentado à mesa, recomenda-se o pernil de porco.
Rua do Bonjardim, 252/529A
T: 222 052 406
Casa Ferreira
Sobe a rua desde o início, entra nas históricas lojas de ferramentas e chegarás com apetite à Casa Ferreira. Normalmente com muito movimento, o ambiente aqui é diversificado e jovem. És recebido com uma bola de carne caseira, e poderás escolher entre vários pratos, desde a alheira com grelos às tripas à moda do Porto. Escolha cuidadosa da banda sonora.
Rua do Almada, 615-617
T: 222 003 117
Para comprares os melhores produtos frescos e disfrutares dos melhores sabores, o Mau Guia propõe-te os Mercados do Porto !
Mercado do Bolhão
O mercado mais emblemático da cidade. Bom para visitar, almoçar e para comprar produtos frescos. «Hoje, é um exemplo de resistência às grandes superfícies. Com a chegada dos centros comerciais, o mercado, os vendedores e os compradores transformaram-se numa contra-cultura, numa sociedade marginal que luta por sobreviver. Grande parte dos comerciantes do Mercado do Bolhão passam os seus dias sem lucrar. Mesmo assim, cumprem o horário todos os dias, parando somente para almoçar, sem fechar a banca. Já não é o dinheiro que os prende ao espaço. É o peso histórico deste e a memória de outros tempos. Este modo de vida, o de comerciante do Mercado do Bolhão, transgride e não encaixa na sociedade de consumo». Cristina Braga
Rua Formosa
2ª-6ª: 7h-17h Sáb. 7h-13h
Bom Sucesso de Agramonte
Rua de Agramonte, 222 frente ao Cemitério.
Todos os dias menos ao Domingo, das 5h às 18h
Mercado de S. Sebastião, Sé
Pequeno Mercado situado na zona histórica junto à Sé.
Rua de São Sebastião
3ª a Sábado das 7h às 13h
Mercado da Praça de Alegria
Um pequeno mercado de produtos frescos, no caminho para a Feira da Vandoma. Há legumes, flores e peixe. Todos os dias exceto ao Domingo.
Núcleo Rural do Parque da Cidade
Inaugurado em 2002, após três anos de obras de restauro e recuperação das suas quatro quintas rurais. Os espaços recuperados sob a autoria dos arquitetos João Rapagão e César Fernandes, perpetuam a memória do Porto Rural e das suas caraterísticas edificadoras, respeitando a identidade patrimonial e cultural das construções. Aí, podemos encontrar um restaurante, um salão de chá com esplanada e um picadeiro para o uso do Clube de Póneis, e ainda um Centro de Educação Ambiental, onde são realizadas várias atividades no âmbito da proteção do meio ambiente, dirigidas ao público escolar em geral. Na quinta 66, existem várias lojas de associações sem fins lucrativos que, no âmbito do “Comércio Justo”, promovem e comercializam os seus produtos oriundos principalmente da atividade artesanal e da agricultura biológica. Durante o Verão, o Núcleo Rural do Parque da Cidade é ainda animado pela Feira de Artesanato Urbano que se tem realizado no primeiro sábado de cada mês.
Beco das Carreiras, Quinta 66
Sábados, das 10h às 14h