Pode indicar-nos um lugar/tempo específico no Porto que associa a uma recordação tátil?
A aspereza do Granito [[Localização desta memorai tátil, sensação na mapa. + foto « granito » luis]] na Rua Escura na Sé.
Vento na cara e o sol no Jardim das Virtudes depois do almoço, tipo às três da tarde. [[Localização desta sensação « vento na cara » no Jardim das Virtudes]]
Andar nas ruas de paralelo. Faz lembrar o tempo em que as pessoas andavam a
cavalo e em carroças.
A sensação de humidade e molhado. Cidade muito húmida.
Os puxadores das janelas velhas são feitos como um anel e magoam sempre as mãos.
As plantas, as árvores.
A areia, apanhar caranguejos.
Saír com os meus amigos.
Estás na praia ou num parque e tocas realmente a natureza: folhas, relva, areia.
Quando as crianças brincam perto da Câmara Municipal, apanham sol nas pedras.
Receber o calor do sol.
O vento violento da Foz.
O vento: em algumas ruas sente-se o vento soprar com muita força.
Nas ruas muito pequenas e estreitas, um sentimento histórico, como uma pequena veia que te leva a uma maior: é completamente orgânico. Às vezes estou numa tasca na Ribeira e começo a pensar como é que aquelas pessoas conseguiram meter um sofá ou um frigorífico lá.
É uma cidade com encostas íngremes às quais nos precisamos de adaptar. Víamos transportes com carros de bois mesmo durante os anos 60. [[Outro exemplo dos anos 60 é o restaurante “Cunha”. Diariamente aberto até às duas da manhã. Foto Cunha. Rua Sá da Bandeira, n º 676” ]]
Para receber o sol e o vento no Passeio Alegre, onde o rio encontra o mar. [[Localização desta sensação na mapa.]]
Os jardins do Palácio de Cristal. O som da água, o cheiro do rio. Até eu me transformo em lagarto [[Localização desta sensação de se transformar em largato nos jardins do Palácio de Cristal + Palácio de Cristal, Ver Informações Práticas]] nos terraços dos cafés. Estamos sempre à espera do sol.
O contato do granito. Sentir a textura do granito. Acho que é bastante surpreendente termos feito todos estes monumentos barrocos em granito. Fazer coisas bonitas como a Sé Catedral, com uma pedra muito dura é surpreendente. O granito quebra. É preciso muita força.O Metro é de superfície porque o granito impede de esculpir túneis.
Quando eu era pequena, a minha mãe tinha uma atenção especial porque eu estava sempre a fugir. Nós andávamos sempre de mãos dadas e com a mão livre eu tocava em tudo o que podia tocar. A minha mãe dizia-me para parar, mas eu continuava. Ela sempre respeitou as minhas loucuras. A minha filha que não é tão sonhadora como eu, faz como eu. Eu nunca lhe disse para não fazer isso.
A coisa que eu mais gosto é de caminhar de mãos dadas ao pé do rio. Eu gosto de o fazer com o meu marido ao pôr do sol. Agora já não o posso fazer porque ele anda de bengala.
As escadas atrás do Mosteiro da Vitória; as coisas em que pões as mãos quando desces as escadas (corrimão) e a pintura antiga que está rachada. [[Localização desta sensação nas escadas atrás do Mosteiro da Vitória]]
Uma vez saí da escola, estava no ano antes da Universidade e estava muito em baixo e a minha mãe sentiu isso. Estávamos perto do mar, com a janela aberta e o mar entrou no carro. Nesse momento senti a onda a saltar e a água entrou no carro.
O calor do sol, para um piquenique num jardim das Virtudes, para te deitares na relva ou numa manta.
Os jornais do Porto. Antes era uma cidade com imensos jornais.
As paredes de pedra da Rua de São Bento da Vitória, por exemplo.
Descer a escarpa, andando pela margem do rio para a Praça do Cubo, olhando para
Gaia pode dar uma ligeira sensação de vertigem e instabilidade.