António Pedro Lopes: Dizem que desde a chegada dos low cost à cidade, e do aumento do número de visitantes, o Porto – cidade portuária virou Porto – cidade aeroportuária.
Marianne Baillot: Cidade aeroportuária? Lá porque agora temos as ryanairs e as easyjets…O Porto será sempre um porto. Ser um porto torna qualquer cidade magnética e estratégica. A abertura a horizontes longínquos, a expansão, a atração pelo desconhecido e pelas relações ultra-marinas! O que eu acho é que… é que as coisas estão muito separadas aqui. O centro da cidade do porto de comércio, o Porto de Gaia, e também a Foz é muito separada do Centro…
Antonio: Ai… fazer transbordar o azul do rio pelo mar … transbordar o Porto para Gaia… transbordar a Foz para o Centro Histórico…transbordar em vice-versas…ai, fazer saír o verde dos jardins por baixo dos muros de granito…
Marianne : Sim, o Porto é uma cidade-jardim, mas também é uma cidade-aldeia. Esses são dois dos maiores sonhos de um cidadão de uma grande cidade. A vocação cultural da cidade está lá. Mas é preciso ir além de uma cultura identitária, patrimonial e de animação pontual do seu Centro. A cidade é bela, limpa, festiva e segura! Quer dizer…não, não é! O Porto pode ser uma cidade intergeracional, multicultural, habitada e inclusiva. Sei lá, acho que tem que se olhar para dentro, e agir localmente e a sério, e deixar de se pensar que o melhor vem de fora…O Porto é uma cidade para VIVER mais do que uma cidade para VER.
Antonio: Então e quê?
Marianne: E quê, o quê?
António: Como é que fechamos isto?
Marianne: Sei lá…só sei que é precisar ocupar o Centro Histórico! Não bastam os palcos de apresentação, são precisas experiências que construam uma vocação cultural. Há tanta oferta cultural nesta cidade… é uma sorte!