Depois de intervenções como as de Richard Reynolds e os seus guerrilheiros da jardinagem em Londres, uma tomada de consciência tem vindo a penetrar os habitantes das cidades do mundo inteiro. O verde das cidades já não é mais da única responsabilidade dos poderes públicos. Cada pessoa pode e deve contribuír e se autoproclamar jardineiro municipal, dar vida a espaços públicos abandonados e transformar terrenos esquecidos em jardins partilhados ou em hortas comunitárias. Estas iniciativas transformam em realidade os grandes sonhos de verdejamento geral das cidades, e o desejo de viver perto da natureza e de zonas verdes dos cidadãos. No Porto vê-se bem ao observar o mapa da cidade que entre as casas de diferentes ruas existem jardins. Esses espaços variam entre o jardim e a horta. Esses espaços servem também para chamar atenção ao estado de deterioração do Centro Histórico, além do que é bela fachada, para valorizar os saberes rurais e para recriar ligações sociais na cidade através de, por exemplo, a criação de hortas comunitárias. Tomem tempo para uma lenta visita à descoberta destes futuros lugares recreativos, decorativos e verdes, e a bem dizer, ambientalistas!
Transformar as ruínas do Centro Histórico em jardins e hortas comunitárias : O exemplo do projeto “ReTornáveis” da arquiteta italiana Chiara Sonzogni:
A vontade de assinalar um percurso entre “Ruínas” *, tem como primeira função denunciar a inutilização e o abandono de uma boa percentagem do património arquitetónico urbano do Centro Histórico do Porto; o segundo e implícito objetivo é sensibilizar as energias da cidade (cidadãos, visitantes, instituições públicas e privadas e criativos) a enfrentarem a necessidade de uma mudança. Acredita-se ajudar os espaços em “ruína” a entrar de novo “em circulação”, uma vez que exibirão as suas próprias potencialidades, para um melhoramento da qualidade de vida urbana. Por isso é aqui sugerido um percurso entre as ruínas, para deixar-se atraír por estes espaços até imaginar como enchê-los de nova vida.
(A concretização do projeto, que tem nome “ReTornáveis” ***, acontece com o apoio do Manobras no Porto (2011-2012), no seguimento de uma dissertação de mestrado realizada na Faculdade Politecnico di Milano, no ano 2010).
* Ruína = objeto que perdeu a capacidade de absolver a sua função por causa de colapso parcial ou total do próprio. (Fonte: IHRU – SRU)
** Conjunto = grupo de prédios.
*** www.retornaveis.wordpress.com
MANIFESTO
.Spazi morbidi e imprecisi.
.Interventi delicati e dedicati a gesti di superficie.
.Mutazioni, evoluzioni, sparizioni.
.Debolezza e fragilità come punti di forza.
.I danni della corrosione come opportunità.
.I contagiati diverranno contagiosi.
I FASE _individuare il trauma
art. 01 stato
art. 02 carattere
art. 03 limiti
art. 04 scala
art. 05 potere urbano
II FASE _lenire il trauma
art. 06 presupposti
art. 07 reversibilità
III FASE _offrire il trauma
art. 08 relazioni
art. 09 strategia enzimatica
art. 10 andamento indotto
art. 11 enzima e substrato
art. 12 prodotto
art. 13 impronta
_Rua dos Mercadores, n° 42-44
A conformação deste espaço tornam-no único: é estreito e muito alto, as sua paredes contornam um pequeno corredor, um canyon. Os seus limites serviriam como paredes de escalada.
2. Rua dos Mercadores, n° 116-122
_O espaço sugere naturalmente transformar-se numa ligação; o plano de vegetação espontânea que cresceu cobre uma grande distância entre dois níveis urbanos importantes.
5. Rua da Bainharia, n°67-79
_Esta é uma das ruínas mais antigas; por causa das várias estruturas de escoramento, parece uma escultura, um aspeto que seria interessante aproveitar.
4. Largo da Penaventosa, n°15-27
_As folhas de chapa metálica branca que tapam os vãos podem ser elementos de decoração e/ou suportes expositivos
10. Rua do Belomonte, n°6
_O espaço é constituído por uma sucessão de pátios, em três dimensões; é uma casa ao ar livre; o prédio já é conhecido da cidade, é quase um monumento.
11. Rua do Comércio do Porto, n°61-63
_As dimensões modestas tornam o espaço um perfeito exemplo de “Sala urbana”.
12. Estação de São Bento
_Este conjunto de traseiras sugere naturalmente a ideia de jardim; uma função que poderia servir de apoio à Estação.